Por: Marcelo Schmid*
Independente de qual seja a estratégia gerencial de sua empresa, redução de custos será sempre uma meta para indústrias consumidoras de madeira, especialmente em tempos de recessão econômica como o que vivemos atualmente no Brasil. É ainda incerto se o país será capaz de recuperar seu crescimento em 2016. Enquanto algumas previsões mais otimistas falam em um início de recuperação no segundo semestre do próximo ano, outros especialistas afirmam que a recessão irá se prolongar até a metade de 2017. Até lá, as empresas continuarão a cortar custos e postergar investimentos.
Por mais clichê que seja, é certo que uma organização não pode gerenciar algo que não conhece. Se uma empresa de base florestal visa redução de custos, por exemplo, ela necessita de um diagnóstico detalhado de sua cadeia de suprimentos. A competitividade global por papel e outros produtos derivados da madeira resulta numa pressão para a redução dos preços dos produtos finais e, por outro lado, o excesso de demanda por madeira bruta resulta numa pressão para o aumento dos preços desta matéria-prima. Assim, torna-se extremamente necessário realizar este diagnóstico para conhecer detalhadamente a cadeia de suprimentos e gerenciá-la com eficiência.
Ainda que a indústria florestal aceite como verdade o fato de que cada mercado e cadeia produtiva têm as suas peculiaridades, é também verdade que existem mais similaridades entre esses mercados do que geralmente se acredita. Isso nos leva a outro fato, embora não prontamente aceito: estas similaridades são mais informativas do que as diferenças. Para realmente entender se os seus custos de matéria-prima são altos, uma empresa precisa se comparar ao grupo de referência adequado, seja ele uma região específica ou um grupo de empresas similares (como, por exemplo, todas as indústrias de celulose com uma mesma escala que competem em um mercado específico). Fazer isto permite à empresa determinar sua posição competitiva no mercado.
Para utilizar esta comparação de modo a obter redução de custos, é necessário que as organizações tenham um bom gerenciamento não apenas dos seus próprios dados, mas também daqueles que descrevem o mercado como um todo. Se aprofundar nestes números permite detectar ineficiências e desenvolver soluções sólidas para a otimização da cadeia produtiva. Quando utilizados desta maneira, os dados se tornam uma poderosa ferramenta para tomada de decisões, auxiliando as organizações a planejar estrategicamente, desenvolver modelos operacionais e agir de forma tática.
Muitas empresas já se beneficiaram de claras oportunidades de redução de custos por meio da eliminação de fornecedores de toras caras ou de má qualidade, com altas despesas de frete ou dificuldades logísticas.
Uma vez que estas mudanças iniciais tenham sido implementadas, no entanto, há sempre espaço para aprimorar a eficiência da cadeia de suprimentos. Algumas das perguntas mais difíceis de responder no que concerne à maior valorização da supply chain incluem:
• Como meu sistema de aquisição de matéria-prima difere do empregado pelas melhores indústrias do meu segmento?
• Existem lugares onde meu desempenho é melhor que a média do mercado? Existem lugares onde é pior?
• Eu posso evitar mercados spot e, deste modo, reduzir meus custos?
• Eu estou focando minhas compras nas áreas de menor custo da minha zona de compras?
Para responder a estas perguntas e identificar as próximas etapas de eficiência da cadeia produtiva, é necessário implementar um processo formal que permita explorar dados e formular questões. Visando atingir esse nível mais elevado de otimização de custos, uma equipe de compras necessita não apenas coletar e analisar os dados, mas agir com base nestes números, movendo contratos de compra para regiões de menor custo, renegociando contratos de suprimento de longo prazo ou mudando a composição de seus produtos, por exemplo. A redução de custos resultante destas medidas pode permitir a uma empresa manter sua lucratividade durante a crise e, uma vez que se encerre este período, estar melhor posicionada para competir tanto local quanto globalmente.
Marcelo Schmid, Diretor da Forest2Market do Brasil e do Grupo Index
Fonte: Painel Florestal/ http://www.painelflorestal.com.br/noticias/artigos/reducao-de-custos-uma-meta-fundamental-para-a-industria-brasileira-de-base-florestal-de-agora-em-diante